Risonho, visionário, realista e criativo. Assim descrevemos Sérgio Batista, do estúdio Know How, localizado em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Detentores de peças do designer, a Fratelli House e Maison Fratelli apresentam uma entrevista que se tornou o terceiro episódio do Fratelli Cast.

Nela, você confere a trajetória de Batista, que iniciou a carreira em 1985, quando o termo design ainda nem existia. Enquanto trabalhava em uma indústria de móveis de Porto Alegre que exportava produtos, ele, na época com cerca de 26 anos, deixou a criatividade fluir e passou a criar produtos.

“Na época eram móveis com resina, revestidos com folha de fumo e resinados por cima. Era uma linha muito bonita e extremamente luxuosa. Tinha pedras semipreciosas. Foi aí que fui pegando gosto pelos móveis”, recorda Batista.

Habilidoso, logo resolveu seguir carreira solo. O mercado moveleiro estava em alta, com muitas indústrias abrindo e Batista resolveu arriscar e criou seu estúdio, o Know How. A aventura virou profissão para a vida toda. Já são mais de 25 anos desenvolvendo peças para indústrias.

“O nome significa saber como. É um design de varejo. Tenho um compromisso com a indústria e desenvolvo um produto que tem que rodar dentro da fábrica. Tem que vender para pagar o salário dos funcionários, para gerar lucro. O objetivo é que o produto seja bonito, tenha um preço compatível com o que está se propondo e que se venda”, pontua o designer. 

Peças assinadas pelo designer Sérgio Batista. Foto: Arquivo pessoal.

Processo criativo

Olhar uma nuvem ou uma árvore e surgir uma inspiração? Nada disso, diz Batista. Para ele, o processo criativo é o contrário. “Se o produto está parecido com uma raiz, então eu dou o nome de Radi”, exemplifica. 

Mesa Radi assinada por Sérgio Batista. Com estrutura em madeira maciça, a peça lembra raízes áreas de árvores. Foto: Arquivo pessoal.

Sobre o passo a passo do processo criativo, ele comenta que começa desenhando.

“Geralmente eu começo desenhando. Existe um briefing da fábrica. Usamos softawares que facilitam muito. Se ficou legal, vamos para a parte dolorida, que é viabilizar dentro da fábrica. Muitas vezes o produto não sai como imaginamos. Isso porque é preciso colocar para rodar nas máquinas que as fábricas possuem. Então nós tentamos da melhor forma não descaracterizar a ideia”, descreve.

A música também faz parte da rotina de criação. As dezenas de arquivos de desenhos também. Viu algo interessante? Logo ele já vai pegando um papel e um lápis e rabiscando e armazenando.

Depois de tudo pronto, é hora de acompanhar o processo de desenvolvimento da peça na fábrica. “É um filho teu, então você tem que cuidar”, ressalta.

Antigamente, sem computador e sem softwares para facilitar o processo de materialização da peça, tudo era no desenho mesmo. Mas, para se destacar, Batista produzia maquetes e impressionava os clientes.

“Dava uns 15 centímetros de altura. Levava uma semana para eu fazer uma cadeira, mas era meu diferencial. Enquanto a maioria levava uma planta, eu levava a planta e a maquete. O cliente fica apaixonado, não tinha erro”, lembra com orgulho.

Coleções

Não há uma preferida, diz o designer. A mais adorada é sempre a seguinte. Mesmo durante a pandemia do coronavírus, os trabalhos não pararam.

“Estamos trabalhando na próxima coleção. A gente se assustou no começo com a pandemia, mas os resultados do nosso trabalho já começaram  a aparecer e nos surpreendeu. Houve uma demanda bem grande, apesar da crise. As pessoas continuam construindo, querendo suas casas, casando. 

Uma das peças disponíveis na Maison Fratelli é a mesa Moon, uma releitura dos anos 1960. O pé curvo e as formas geométricas ‘encaixadas’ no produto garantem um design exclusivo. A mesa, super resistente, tem pés em madeira maciça intertravados pela estrutura de fixação, o que evita a movimentação da estrutura. O tampo é de MDF laminado e tem a opção com disco giratório ou sem. 

Mesa Moon está disponível na Maison Fratelli.

Na nova coleção, devem aparecer o balcão e a cadeira para complementar a mesa Moon. “É um estilo que está em ascendência”. 

Vida pessoal

Casado e pai coruja de duas jovens que também decidiram seguir no mundo da arte – uma designer igual a ele e outra atua na área de moda – Batista conta que adoro um passeio sob duas rodas. Gosta tanto que usou a habilidade de desenhar para criar sua própria moto, que está em fase final de produção.

Ele também é colecionador: acumula miniaturas de aviões, soldados e robôs. 

Apaixonado por motocicleta, Batista desenhou a própria moto. Foto: Arquivo pessoal.

Ouça abaixo a entrevista com o designer Sérgio Batista.